Jardim dos Sonhos.

Ainda há muitos espinhos pra espetar e fazer despertar cada devaneio teu.

Ele trabalhava compulsivamente. Era feliz. Tinha em suas mãos marcas e lembranças de dias de Sol, ar fresco e suco gelado. De noite, olhava para as estrelas e a cada uma delas lhe confiava um segredo. A cada novo amanhecer, uma preguiça de fazer rir de si mesmo. O canto dos pássaros entregava a hora. Levantava risonho e descabelado. Olhava-se no espelho para achar graça do que via. No café, lembrava sonhos que lhes fizera companhia durante toda travessia de um dia pro outro. No travesseiro, as marcas ainda vivas, do que acontecera na última noite. Ele vivia e a vida escrevia. Sem tinta, sem papel, registrava o seu dia.
Poucos souberam quando adoeceu. Mas ele já sabia. Ninguém compareceria na missa de sétimo dia. Pra ele, era mais confortante assim. Descansaria. Dessa vez, a noite seria longa e fria. De olhos fechados, não saberia das lágrimas das flores que por pétalas, caule e folhas, escorriam.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Poetas do Precipício.

Reencontro.