Arte[ria] Pulsante

A noite foi bem quente. Os corpos agitados transpiravam algo muito diferente das impurezas orgânicas. Era transcendente, contagiante. Apaixonante. Nada era estático. Os corações pulsavam como se quisessem conhecer outros corpos, peitos, corações. O sangue, ainda que violado pelas sucessivas doses de adrenalina e aplicações orais etílicas, fazia tudo se mover com tamanha fluidez que a matéria era quase dispensável naquele momento. A vida vibrava de acordo com as batidas do som. Me sentia marionete de alguém que operava com muita maestria as transformações sonoras que percorriam meu corpo. Eu deixava. Gostava. Aprendi a deixar de comandar para ser comandado. Meu corpo foi de encontro a outros corpos, vigorosos, sedentos por vibrações. Até que encontrei um que se encaixou perfeitamente ao meu. A troca ocorria no passar das horas. As vibrações combinavam, fluíam de um corpo ao outro. A sintonia foi tanta que não percebíamos a Lua se despedir, o Sol se apresentar. O dia raiou devagar. Aqu

Toc toc toc... - Quem é? - Carteiro. Cartas para senhorita A. Stella. - Tem ninguém em casa não. Volte mais tarde. - E a senhora com quem falo, quem é? (Deixe seu recado após o bip: biiiiiiiiiiip) Silêncio. O carteiro fica sem entender e, por uns instantes, tenta espiar pela fresta da janela. Pensa confuso, tentando descobrir com quem estivera falando. 'Será coisa da minha cabeça?' Após a mensagem eletrônica e o toque do bip, ele se mantem mudo, vira as costas e segue entregando correspondências pela vizinhança. Após mais um dia entregando correspondências, o carteiro retorna ao lar com um amarrado de cartas daquela casa que o atendera estranhamente. Por muitas vezes, teve vontade de abrir as cartas. Em todas as vezes, se conteve. Sentia-se como quem assalta um banco e rouba tudo que há de valor no cofre. Deixou o amarrado em cima da mesinha de centro da sala e foi até a cozinha preparar um café. Esta noite, entre goles de café, o carteiro pensava como faria para e

Seus olhos amendoados Amedrontados Seu jeito de menina Eu sempre sonhador Seu olhar, seu carisma Não combinam com a dor Eu tão distraído Nem vi, quando menino Sempre estava ao seu dispor Você, tão sapeca Um sorriso de boneca Tão tímida, discreta Me olhava feliz Vendo o Sol se por.

Quem decifra sentimentos Dá cifras Sente menos O que falta no coração Sobra em argumentos Incoerentes em prosa e verso No comum e no adverso São só palavras soltas Escritas num pedaço de papel Ditas pelas bocas Desesperadas para amar.

Nada mais importa Se todo dia eu abrir a porta E for sempre você A me atender.

E se um dia eu sumir, assim, de repente, por favor não chores. É que a vida nem sempre é como a gente quer e todo dia muda nossos planos. Se eu nunca mais disser que sinto saudades, é porque parei de dizer, e apenas fiquei a sentir. A vida me apresentou a beleza da serenidade e da paciência nas escolhas que fiz. Você foi uma das belezas que conheci. Pode ser que a gente se veja logo mais, pode ser que a gente não se encontre mais. Porém, a lembrança de pessoas especiais que conheci nessa breve vida caminhará comigo, pra sempre, dentro do meu coração. Com amor, do seu amigo.

Menos problemas Mais planos Menos 'eu te odeio' Mais 'eu te amo' Menos dor Mais amor Mais sorrisos Menos desentendimentos Mais inteiros Nada mais ou menos. A vida é muito mais do que o dicionário diz.

Minha vida vai mudar Com a sua Decisão Ou muda pra melhor Ou me mudo Pra bem Longe Daqui.

Um nome, um poema Uma poesia num filme de cinema Daqueles que a gente sonha E inventa Um amor igual de Hollywood E por mais que se negue Mesmo que a gente mude O sentimento ainda é o mesmo Só que um pouco mais forte De nos tirar do plumo De bagunçar o norte De nem perceber que a sorte Conspira ao nosso favor. As poesias têm nome e sobrenome.

Poesia que nasce Não escreve Se esquece, é aborto. Poesia presa em memória Conta história Guarda pra si, é suicídio.

Como você se sente  Quando sente  Que não sabe mais o que sentir? Como você atua Quando você se situa E percebe Que não sabe onde está Nem pra onde ir? Prazer, meu nome é angústia.

Roubarei flores do teu jardim Pra espalhar no chão Destruirei microfone e violão Pra cantar uma nova canção Provarei que sei voar Pulando do oitavo andar Farei do céu um chão de nuvens E contigo vou dançar O dia vai passar A gente vai perceber Que no passado Poderíamos ser Hoje Eu e você.

Eu nunca sei como começar O branco do papel me deixa sem graça Quando quero escrever As primeiras palavras surgem No mesmo tom de timidez De quando vejo você Mas aos poucos A poesia nasce A mão apressada risca A rima cresce A mente arisca Arrisca Um verso de cada vez E aos poucos falo de ti E venço minha mudez Teu olhar Mais brilhante que a Lua Me faz sorrir Tocar minha mão na sua E sua, transpira E se o coração palpitar um pouco mais forte A gente pira Mas tudo se acalma Tudo se ajeita Quando você se aproxima E me beija.

E se eu tivesse o dom De criar um som Eu teria uma canção Dedicada à você Eu faria voz Teclado e violão Pra tocar seu coração Pra nunca te esquecer Te transformaria em hino Cantado pelo mundo inteiro Tocaria os sinos Só pra ver o seu sorriso De Janeiro a Janeiro Ouviria sua voz tocar No fundo do meu peito Uma doce balada Gigante festejo De me fazer dançar Do primeiro raio de Sol Ao último brilho de Luar Me faria pensar Que nada disso um dia existiu Que tudo virou Lembrança saudosa Espalhada num imenso céu azul-anil. Quando eu te reencontrar Estarei acordado pra viver esse sonho.

E quando me falaram das rosas Não imaginei quão formosas eram Observei tímido as suas pétalas E mesmo que passassem décadas Eu continuaria a observar E saberia Que eu estava ali a admirar Flor tão bela Formosa donzela Em seu leve caminhar Descobri com o passar das Primaveras Que tamanha beleza Era ela Tão bela, singela Sorrindo nos campos O vento soprando A rosa a dançar.

Poesia que me sorrir a cada amanhecer Sonhos que me fazem esquecer De levantar pra trabalhar Apoiada a cabeça no travesseiro Me leva para ver o mar E o pôr do sol Lá de cima do farol A gente de mãos dadas Observando a Lua Toda nua Querendo namorar.

Flor de lis Me diz Como pode ser Tão bela e feliz Como você é Me diga Você, tão pequenina Tão forte e serena Tão linda Um sorriso que cativa Que me faz admirar Seu olhar Mais belo que o pôr do sol Mais imponente que a imensidão do luar Teu perfume me faz pensar Nas manhãs preguiçosas de Domingo Abrir os olhos Ensaiar um sorriso Ao te ver Do meu lado Acordar.

Um sorriso estonteante Um ser cativante O Mundo seria melhor Se ele fosse dois Seu reino é verde com linhas brancas Linhas que demarcam e limitam muitos E que convida ele pra chegar Uma linha que define um lado Não impede que ele ultrapasse E passe pro outro lado Feito anjo alado Com todos marcando seus pés No tapete verde ele convida pra dançar Seu jeito leve e solto te faz gingar E com um jeito envolvente Não pede licença pra passar Apenas passa, repassa Tabela Nessa troca de passes Ele vira filme E filma a sua entrega Sua vida é vida Dentro das quatro linhas De chuteira e meião A camisa numerada É sua marca registrada Sua farda À cumprir sua missão.

Eram ligados de alguma maneira E estavam tão distantes um do outro. O tempo era pouco Mas parecia infinito Um passo, um abraço Um risco Um medo de aproximar-se Enroscava-se E cada vez que fugia Tensionava-se Refletia Quem sabe um dia a tensão passe E nesse enlace a gente se embarace E trace uma aproximação Um olhar, tímido Um aperto de mão, em vão Não tinha mais volta A tensão puxava pra perto Era certo, de fato Que nesse embaraço A gente encontrou o nó Do nosso laço.

Você reflete tanto que a única ação racional que se conclui é simplesmente não fazer nada. Você tem vontade de fazer tanta coisa, mas são tantas consequências que simplesmente não faz nada. Nada mesmo. Quer dizer, faz uma coisa, apenas. Observa. Aí vem aquela vontade de sumir, que logo contradiz a vontade de ter todos ao seu redor. Rola uma confusão mental. Dá sono. Você deita, dorme. Acorda e faz tudo igual ao amanhecer, sonhando um dia que os fatos sejam diferentes. 

"... é sempre assim o ciclo do dinheiro : junta, junta, junta e depois perde, e junta de novo ..." Gil Hora.                                                  Fotografia: Gil Hora. "A gente sempre procura saber o que já tem quanto tem e quanto ainda virá A gente junta, uma a uma esperando mais uma  no dia que ainda amanhecerá A gente arruma, empilha e na pilha de querer sempre mais vê tudo desmoronar A gente persiste, não desiste cata o que tem e o que não tem e mais uma vez, começa a empilhar."

Eu faria As piores canções virarem poesia Só pra cantar pra você Eu teria Todas as curas da Medicina Pra você não sentir doer Eu saberia Todas as formas de amor Pra demonstrar pra você Pra nunca te fazer sofrer Eu olharia Sua foto na minha estante Pensaria e sorriria por um instante E diria Como foi bom te conhecer As flores coloridas no jardim Seus olhos olhando pra mim Todos os dias ao amanhecer Essa noite sonhei Que do meu lado Só havia você.

Chuva? Que chuva? Choveu? Me diverti tanto Nem sei o que aconteceu Do portão pra fora Não contei as horas Também não quis saber Eu deixei de lado Roupa, sapato E dancei até o mundo acabar Me acabar Pra começar Um Domingo bom Lembrei da última noite Que dancei com vocês Dormi, acordei E sorri a semana inteira

O vento agora sopra Traz o frescor de mais um dia vazio A lembrança de quando ainda estava aqui Me fazendo rir Me incentivando a sempre acreditar nos meus sonhos Agora, as noites frias Os dias medonhos Me acompanham passo a passo E me equilibro nesse trajeto que faço Mesmo em descompasso Em desalinho Eu sigo meu caminho Lembrando de tudo o que você me ensinou E do que, juntos, a gente aprendeu.

Eu ia escrever um poema sobre poesia Eu ia escrever versos todo dia Só pra descrever o que se comemora num dia só Eu reclamaria todos os seus defeitos Elogiaria a cor do seu esmalte O corte do seu cabelo E o perfume que vem desde de manhã Até o Sol se por Eu faria supor Que sou o único que mereces Desde os problemas que te enlouquece Até as canções mais doces Que falam de amor Eu escrevo todos os dias Sobre a beleza que é Ver de perto O sorriso de uma mulher.

"Sonho um dia sair de casa pra procurar Mas não será emprego Não será presente Não será a dor Sonho um dia sair de casa E encontrar meu grande amor E há quem diga que eu sei onde mora..."

A gente nunca sabe quem aparecerá nas nossas vidas, cruzar nosso caminho e, de repente, ficar. Dizem que a gente escolhe quem vai e quem fica. Não acho tão simples assim. Parece objeto que um dia enfeita a estante e, no outro, cai e quebr a. Quer dizer, acho que é mais ou menos isso mesmo. Só que em vez de 'enfeite', a gente chama de 'amizade'. A amizade, assim como um enfeite, a gente ganha de presente, ou escolhe pra enfeitar nossas vidas. Pra não quebrar de um dia pro outro, a gente cuida. As vezes, na correria do dia-a-dia, a gente meio que esquece, mas é sem querer. Cabeça cheia de afazeres. Mas aí vem a saudade, dá aquela apertada impiedosa no peito. A gente percebe que o tempo passou e a saudade nos consome de tal maneira que a gente toma como objetivo de vida viver mais perto de quem a gente tanto gosta, tanto ama. E isso nos faz tão bem que qualquer coisa que venha nos estressar acaba virando piada. É assim que me sinto perto de vocês. Não tem tempo ruim. Nem S

''Não há nova idade Nem novidade Que me traga alegria Hoje em dia O dia Traduz a luz Que brilha Nas calçadas e avenidas Que caminhei Que no caminho sonhei Que escolhi Plantei e colhi As saudades de tempos atrás."

"Se você fosse o paraíso Eu iria ao seu encontro Sem saber aonde vou Se você fosse a Flor mais bela Eu cantaria no jardim As mais belas sinfonias de amor Se você fosse embora Eu sentaria no degrau da porta E esperaria você voltar."

Ninguém é bonito por fora Toda hora Nem é bonito por dentro Todo tempo Sendo assim Nem eu nem você É o mesmo sempre Não existe início, meio Nem fim A vida riu de mim Quando eu tentei intervir E tudo que eu levo E nego Carrego comigo na certeza De que nada disso é eterno Mas eternizar é uma forma de aliviar a dor Sustentar um sorriso de felicidade E um gesto de amor.

"Eu sou o incompreensível, A incoerência e a insensatez. Sou controverso, adverso, Metamorfósico e inquietante. Sou artista, sou canhoto. Prazer, sou o filho do meio."

Você me esqueceu, vive sua vida a fora Eu te esqueci, peguei minhas coisas e fui embora E agora somos um pro outro A lembrança de um passado de ouro De risos Abraços e amores Hoje escolhemos nossos destinos Sem temores Sem remorsos A saudade que bate É quando olhamos nossa foto E a nostalgia invade Nosso peito Pra cada lágrima há de ser seguido de um sorriso Mesmo que seja disfarçado Ou de improviso Mas não dá pra esconder A Flor que cultivei E do meu lado vi crescer.