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Mostrando postagens de março, 2014

Flor de Nilo.

Uma vez disseram pra eu tomar cuidado com o amor. Disseram que era perigoso, contagioso e altamente viciante. Crack, maconha, cigarro, cerveja e chocolate não são nada perto do amor. Com isso em mente, estive sempre precavido para não ser "contaminado" e nem viciar no tal do amor. Fumei, bebi, usei e me deixei ser usado. Quando o amor aparecia, eu corria. De repente, já não via graça nas drogas, e tinha adquirido um talento incrível pra fugir do amor. Confiante de que nunca seria pego, me vi vazio por dentro, no rosto um sorriso amarelo. Me senti tão solto que, por vezes, queria me prender a algo, só por carência, às vezes, ou porque sentia a necessidade de voltar pro chão. Senti meu coração gelado e sem estímulo. Decidi seguir em frente, sozinho mesmo, dono de mim. As lembranças vinham como quem atravessa a porta na pisada. Só porrada. Volta e meia lembrava de você. Entre tantos relacionamentos que tive, sempre tinha a imagem do seu rosto triste da última vez que no

Segunda-Feira.

Inevitavelmente, é um dia estranho. Se não pra um ou outro, pra tantos muitos sempre é. Configura-se como o dia da semana mais tedioso e preguiçoso. Tudo acontece de atípico, anormal e surpreendentemente decepcionante. O que mais surpreende, na verdade, é o fato de manter-se calmo diante de tantas adversidades ocorridas em poucas horas vividas do dia. Aquela pequena sensação de que algo de maior acontecerá e aí não haverá estado psicológico que se mantenha no zero, não haverá possibilidade de manter o lado emotivo natural e intacto. Nada do que tenha programado ocorrerá. Não adianta forçar, o dia tem um sistema próprio de acontecimentos que nunca serão compatíveis com o que você espera que aconteça. É sempre um início de semana diferente do anterior, porém, menos surpreendente que o próximo. As vezes, penso que, se a semana começasse no Domingo.... não. Deixa pra lá. Domingo é preguiçoso demais pra começar uma semana. A semana sempre começará no primeiro dia útil. Ainda que o p

Diário De Um Suicida.

Os dias passam depressa. Tão rápido quanto a capacidade de pensar em mil coisas em tão pouco tempo. É tanta coisa a ser pensada que não há raciocínio sobre nenhuma delas. Tornam-se pensamentos vagos, ideias descabidas, fluxo cerebral desconexo. Daqui de cima, vejo as pessoas indo e vindo, de forma aparentemente desordenada, mas com ponto de partida e ponto de chegada definidos. Andam apressadas entre tantos, sem se comunicar. Sem troca de olhares. Por um momento, parecem as formigas que caminham em volta dos meus pés. A diferença é que as formigas se esbarram, se comunicam. Trocam informações. Nem que seja por alguns segundos. O vento que refresca meu rosto também seca as lágrimas ainda contidas. Na ponta dos pés, evitando as formigas, a brisa balança meu corpo devagar. Olhando pra frente, vejo pássaros a voar. Tento olha-los nos olhos, mas estão ocupados demais flutuando no ar, de asas abertas. Livres. Parecem não sem importarem com a minha presença aqui no alto. Tão alto quanto os

Saudade em Dó Maior.

Foi uma semana de Verão agitada do lado de fora da janela. A gente não fazia nada além de olhar a programação da tv sem prestar atenção no que estava passando. Os dedos brincavam com os cabelos. Os olhos, de tão serenos, passavam mais tempo fechados do que atentos ao redor. Ouvia-se uma sinfonia de ritmos calmos e desapressados. Tinha uma vida inteira pra tocar. Os dias e as noites se revezavam, enquanto os dedos e os cabelos ainda brincavam, despreocupados com o meio e o fim. O último dia, tristonho, molhava por horas a cidade inteira. A despedida não parecia real, assim como foi a semana inteira. Acordamos de um sonho tentando lembrar que música era aquela que tocou os sete dias. A melodia que nunca mais ouvi, a letra que não escrevi e o ritmo único que não tocou em nenhuma canção. Não houve cópia dessa música para os dias de solidão. Lembro até hoje dos dias que adormeci escutando as batidas do seu coração.  

Julgamentos Fortalecem.

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Um clique na foto. O por do sol sempre me convence a refletir quando surge a dúvida de não saber pra onde ir. Relembrar de onde vem é fortalecer o ânimo de chegar onde sempre se quis. No fim de tarde, a luz que se foi indica o silêncio do descanso para estar pronto pela manhã, como nova luz que se apresenta ao mundo.

Vida.

Breve. Veloz. Tão rápida quanto um piscar de olhos. E perdemos tanta coisa enquanto os olhos piscam que nos tornamos mais breves ainda nessa existência terrena. Tantas coisas a fazer, tarefas a cumprir, caminhos a percorrer, mesmo sendo rotina. Ansiosa. Passageira. A vontade incontrolada de fazer o tempo correr para ser o que se quer, sonhar em ter o que não se pode comprar, alcançar o distante sem sair do lugar. E há quem corra, lute, morra, e no fim da vida, não percebe que sempre teve o que fez por merecer, sempre foi o que se propôs a ser. Admiro a criança despretensiosa, brincando no pátio da escola, onde a única preocupação é aproveitar o intervalo do recreio. Há de ser criança quando ser adulto não resolve mais.

Palavras Mudas.

     Eu tentei escrever sobre você, mas as palavras somem enquanto seu olhos brilham e me observam, ao mesmo tempo que finge não me ver, enquanto te fotografo.      De longe, te admiro. Contemplo cada foto sua captada, transformada em história estática, lembranças daquele dia.      O vento brincando com seus cabelos, o por do sol revelando segredos e desejos, a noite calma e refrescante. A natureza entrega suas maiores riquezas para acompanhar sua beleza na terra e no mar.      Ainda sonho com o dia que você sairá da minha lente, ficará na minha frente, trocando olhares a noite inteira.

O Limite da Paciência.

As vezes, devemos mandar pra puta que pariu. Porque dizer adeus nem sempre é o suficiente.