Hiperatividade Suicida.


"Era como se não houvesse amanhã. O dia ardia a cada segundo. Escorria e secava. Pintava com cores de tons que se misturavam a cada puxão. A dança, o movimento quase que coreografado, de intervalos diferenciados, entregava o ritmo das peças que brincavam com os pássaros. A despedida repentina exprimia um sentimento de tristeza que durava um segundo. Mais rápido que um '' Ah.." dito por uma voz baixa e rouca. E outra peça estava a voar. Os tons escureciam com as misturas impróprias. As horas passavam sem sentir a dor causada pelas peças no ar, que iam e vinham, brincalhonas e tensionadas. Mas havia um momento maravilhoso que embelezava ainda mais a brincadeira. Uma estrela tão grandiosa a pintar o céu de outros tons. Tons de saudade da tarde que passou. E logo escurecia. Restaram-se os comentários, as lembranças, a gritaria. A dor, ainda tingida de cores enegrecidas pela mistura seca e cascuda, latejava fielmente sobre o corpo agora inerte, de respiração lenta e fatigada. De um sorriso maroto no rosto esperando uma nova tarde renascer. E a brincadeira, recomeçar."

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