Estrela Retse.

Uma vida inteira passada debaixo de tempestades incertas, intensas e curtas.

As trovoadas contavam histórias todos os dias, já não assustavam mais. Os relâmpagos eram riscos de lápis luminosos que sua imaginação riscava no céu. Já não sabia mais o que era lágrima e o que era chuva escorrendo em seu rosto. Ainda assim, sorria. Brincava de juntar nuvens como quem descobre a faísca quando junta duas pontas de fios desencapados. De noite, limpava a bagunça da tarde e contava as estrelas. Dizia que eram fotografias das faíscas que sua memória registrou.
Toda essa inconstante fazia parte do seu dia a dia. Até conhecer a calmaria.

De sorriso leve e reconfortante, um olhar sereno e brilhante, fez-se luz diferente de tudo que conhecia. Era algo novo, de sintonia leve e fácil, como quem sente o perfume das flores logo pela manhã. Diante de tanta ternura, sorriu. E não sabia dizer nada, apenas olhava, admirava e imaginava que depois daquele dia as brincadeiras com faíscas acabaria. As tempestades cessaram, mesmo que por coincidência ou ironia. Nunca se sabe o que o destino apronta a cada amanhecer.

No repouso de um fim de tarde colorido, a brincadeira com nuvens muda de tom. Se antes cinzas e ríspidas, agora são brancas, etéreas e macias, feito bolinhas de algodão.

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