O Estranho e o Anjo.

Numa cidade recoberta de pensamentos, nevoeiro e fumaça lançada ao ar quase estático, ela procurava pelo seu protegido, ele rogava por proteção.
A noite parecia infinita. Havia meses que a luz do Sol não refletia no espelho da moça que se maquiava em sua penteadeira.
A luz era fraca e inconstante. A maquiagem borrada. O sorriso amarelado passava despercebido. Não havia motivo para agrados.
Ele bebia a última gota do que ainda viria nas próximas garrafas. Apoiava-se em postes e paredes como se não houvesse estática para pisar.
Não deferia palavras. Cuspia e esboçava qualquer coisa, como criança que imita. E balbuciava. As palavras pareciam fora de controle.
Irritava-se e lançava objetos que já não estavam em suas mãos.
Chorava. Deitava. Dormia. Ele descansava e sentia-se, por fim, coberto de proteção. Ela sorria. Encontrara seu protegido. Cumpria sua missão.

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