Cicatrizes.

"E quando você acha que escolheu o caminho certo, algo lhe atinge com tanta força que a desistência é a melhor escolha para continuar seguindo por um caminho diferente."



A vontade que ele tinha era de abraçar com seu coração. E toda vez que tentava, o medo anunciava novas dores. Temores que a vida ensinou. Pavores. Traumas, talvez. Dizia que quando alguma coisa se torna difícil demais para superar em pouco tempo, era porque tinha traumatizado. Mas qual o tempo certo? Dá pra medir como quem enche um copo d'água? Ele não era traumatizado. Tinha certeza disso. Contava que precisava de mais tempo. Sei lá quanto tempo a mais. A menos. Ninguém conta quantos copos de água bebe quando se está com sede, ora essa. Talvez essa coisa de superação seja tudo uma farsa. Na verdade, talvez, não exista trauma nenhum. É tudo história pra encher página de livro. Pra todo mundo lê. Refletir. E em alguns casos, colocar-se como personagem principal dessa fábula mal contada e sem lógica. Ele dormia e acordava sonhando histórias. Eram tantas que mal conseguia contar a alguém. Perdia-se no próprio pensamento. Contava lorotas ao inverso. Juntava palavras e cantava pelo Jardim em prosa e verso. Um tropeço e estava lá, atirado ao solo. Ia tão bem. As Flores gostavam das suas palavras bonitas. Das poesias dedicadas a Rosas tão delicadas. Tinha medo de perder seu Jardim. A cada vez que era levado de encontro a terra silenciosa e úmida, ele levantava-se vagarosamente, temendo deslizes, olhava ao redor. Limpava-se lentamente das tristezas e decepções. Escolhia novas palavras, tomava novo rumo e, mesmo que caísse novamente, tinha por honra e fidelidade, jamais abandonar suas Flores no Jardim.

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